Aprender Criança 2024

Dados do Trabalho


Título

IMPACTO DO NEUROFEEDBACK CONCOMITANTE COM PROGRAMA NEUROPSICOPEDAGOGICO DE CONSCIENCIA FONOLOGICA NA CAPACIDADE LINGUISTICA DE CRIANÇAS EM RISCO DE DISLEXIA

Objetivos

O objetivo deste estudo foi investigar o uso do neurofeedback (NFB) concomitante com um Programa Neuropsicopedagógico de Consciência Fonológica (PNCF) na capacidade linguística de crianças em risco de dislexia.

Material e Método

Foram avaliadas inicialmente 166 crianças brasileiras de diferentes escolas públicas e privadas das regiões sul e sudeste, com idades entre 9 e 10 anos, encaminhadas com base na opinião de professores de língua portuguesa. Os pais das crianças identificadas foram convocados para reuniões onde foi explicado o projeto de pesquisa. Todas as crianças e seus pais interessados em participar assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Uma semana depois, os responsáveis participaram de uma entrevista estruturada, enquanto a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças, 4ª edição, foi administrada às crianças em uma sala separada. Crianças com problemas de leitura e QI inferior a 80 foram excluídas para descartar deficiência intelectual, conforme especificado pelo DSM-5-TR no critério D, assim como aquelas com desempenho dentro do esperado para a idade no Protocolo de Avaliação da Compreensão Leitora. No total, 60 crianças foram incluídas neste estudo, divididas aleatoriamente em 3 grupos iguais: GI (grupo controle, que realizou apenas o PNCF), GII (que realizou o NFB e o PNCF), e GIII (que realizou pseudo-neurofeedback concomitante com o PNCF). O programa de NFB foi adaptado para o sistema de registro NEUROMAP. Um nível de limiar para a razão teta/alfa foi calculado com base no registro de EEG em estado de repouso. Durante o treinamento do NFB, as crianças realizaram o PNCF composto por um conjunto de 25 atividades baseadas em Funções Executivas, visando o desenvolvimento das habilidades metafonológicas, aplicado duas vezes por semana, totalizando 15 sessões de 15 minutos cada. A cada 20 ms, o programa realizava as seguintes operações: primeiro, calculava a relação teta/alfa em um segmento de EEG de 1200 ms; em seguida, comparava essa relação com o valor limite. Sempre que a proporção ultrapassava o limite estabelecido, o participante recebia um som raro, em um tom de 500 Hz a 60 dB. O NFB foi aplicado num formato bipolar nos pontos CP-5 e T3. O pseudo-NFB foi aplicado nas mesmas condições do grupo II, exceto que, neste caso, o som raro foi entregue aleatoriamente e independente da atividade do EEG. Para avaliação das habilidades linguísticas, as crianças foram submetidas a dois momentos de avaliação através dos seguintes protocolos: a) Escala de Rastreio para Habilidades de Consciência Fonológica (ERHCF); b) Compreensão leitora (número de palavras lidas corretamente por minuto). Concomitantemente à leitura de palavras, a atividade eletroencefalográfica foi registrada a partir de 19 eletrodos, usando um eletroencefalógrafo Neuromap® 40i (Neurotec). Os filtros de baixa e alta frequência foram ajustados em 0,5 e 30 Hz, respectivamente, e um filtro notch de 50/60 Hz foi utilizado. A frequência de amostragem foi de 240 Hz, com resolução de 16 bits.

Resultados

Nossos resultados mostram que as crianças do GII obtiveram um desempenho superior de 16%(p<0,01) em relação aos resultados apresentados na ERHCF após o período de intervenção. Ao estabelecer a mesma comparação com as crianças do GIII, as crianças do GI apresentaram uma superioridade de 17,5% (p<0,01) após serem submetidas ao NFB concomitante com o PNCF. Em relação ao número de palavras lidas de maneira correta por minuto, quando avaliados após o período de intervenção as crianças do GII obtiveram uma superioridade de 14%(p<0,01) em relação as crianças do GI e uma superioridade de 16%(p<0,01) em relação as crianças do GIII. Em relação a razão teta/alfa após serem submetidas ao NFB e ao PNCF de maneira concomitante 90%(p<0,01).das crianças do GII apresentaram uma normalização desses valores, enquanto que no GI e no GIII o percentual de crianças com os valores normalizados após o período de intervenção foi respectivamente de 40% e 45% das crianças (média ± DP: GI: 2,27 ± 0,63; GII: 1,68 ± 0,75; GIII: 2,11± 0,91).

Conclusões e implicações dos resultado

A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que, em média, as crianças do grupo II apresentaram melhorias nas habilidades relacionadas à consciência fonológica, precisão da leitura e escores de compreensão, além de uma diminuição na razão teta/alfa, associada à leitura. Em contraste, as crianças que receberam o pseudo-neurofeedback não apresentaram alterações significativas nas habilidades linguísticas e tiveram poucas mudanças em seus padrões corticais. Estes resultados preliminares sugerem que o NFB pode impactar positivamente as habilidades linguísticas de crianças quando utilizado concomitantemente com a intervenção neuropsicopedagógica.

Área

Transtornos em neurodesenvolvimento

Categoria

Terapeuta

Instituições

Faculdade CENSUPEG - Santa Catarina - Brasil, IBCCF/UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

FABRÍCIO BRUNO CARDOSO, ADRIANA PEVARELLO BACCI, MARCELO CINCOTTO ESTEVES DOS SANTOS, SOFIA BORBA DE TOLEDO FERRAZ, VITOR DA SILVA LOUREIRO, JOÃO VITOR GALO ESTEVES, ALINY CARVALHO DEMATTÉ, TATIANA ANSELMO, CLAUDIA FILIPPO, LILIENE MARIA FERRANDINI, ALFRED SHOLL-FRANCO